Crescimento econômico não precisa se dar às custas da destruição do bioma amazônico. Desenvolvimento e conservação podem estar lado a lado.
A Amazônia brasileira tem sido alvo de intenso debate nos últimos meses. Por conta de queimadas e desmatamento intencionais, a perda de biodiversidade e serviços ecossistêmicos é crescente.
Politicamente, há quem defenda que destruir o bioma é o preço que se paga pelo desenvolvimento. Mas, o que pouco se fala, é que o crescimento da economia e do desmatamento, seja este por corte ou queimada, são inversamente proporcionais. Em outras palavras, isso significa que quanto maior é a taxa de destruição da natureza, menores são os benefícios materiais. E isso é comprovado historicamente.
Causas e consequências
Impunidade a crimes ambientais, retrocessos políticos, grilagem e atividade agropecuária estão entre as principais motivações das queimadas e do desmatamento da Amazônia. É o que aponta um extenso relatório realizado por um grupo de trabalho conjunto de ONGs e institutos importantes como Greenpeace, WWF e Instituto Socioambiental.
Além da perda de biodiversidade, a análise mostra que essas práticas aumentam os casos de doenças respiratórias, alteram o clima regional, colocam em risco a produtividade no campo, aumentam o risco de boicote internacional e ainda contribuem com o aumento da emissão de gases do efeito estufa, cuja emissão tem efeito negativo comprovado em estudos sobre o Custo Social do Carbono. Nada disso é convertido em riqueza ou benefícios para a população local e nacional.
Os municípios da Amazônia estão entre os de menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e IPS (Índice de Progresso Social) do País. As cidades são inchadas, com infraestrutura deficiente, sem empregos de qualidade e com concentração de renda.
Durante o longo período de 2007 a 2016, todo o desmatamento da região representou somente 0,013% do PIB médio do País. Por outro lado, quando foram adotadas medidas de bloqueio ao desmatamento com a chamada Moratória da Soja, a produtividade local aumentou, pois as áreas já desmatadas e mal utilizadas foram melhor aproveitadas.
Oportunidades econômicas com benefícios socioambientais
Dados históricos mostram que é possível conciliar conservação ambiental e crescimento econômico. Além da implementação de políticas públicas ambientais efetivas e perenes, como a já mencionada Moratória da Soja, o engajamento de consumidores, empresários e investidores pode fazer a diferença nos esforços de combate ao desmatamento.
Monitorar cadeias de produção que estão ligadas à Amazônia – incluindo os fornecedores indiretos -, intensificar o comprometimento com pautas ambientais e comunicar publicamente os resultados de auditorias são boas práticas empresariais.
Consumidores e sociedade, por outro lado, podem exigir políticas públicas eficientes e apoiar a produção sustentável, incentivando empresas que incorporam boas práticas socioambientais. Nesse sentido, há boas oportunidades. Um relatório da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), de 2020, mostrou que quase dois terços dos brasileiros estão dispostos a pagar mais caro por “produtos sustentáveis” e que 88% se preocupa com o nível de preservação da floresta amazônica.